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quinta-feira, 26 de abril de 2012

AS EPÍSTOLAS JOANINAS

Apostolo João

João filho de Zebedeu (Mc 1.19,20), talvez fosse primo de primeiro grau de Jesus (sua mãe talvez fosse Salomé, possível irmã de Maria, Mt 27.56; MC 15.40; 16.1.

João 19.25 quatro mulheres aparecem perto da cruz, as duas Marias mencionadas em Marcos e Mateus, a mãe de Jesus e a irmã de sua mãe. Se essa identificação é correta, João era primo de Jesus pelo lado de sua mãe. Os pais de João parecem ter sido pessoas de certa posição, pois Zebedeu, sendo pescador, contava com “empregados”(Mc 1.20); e Salomé era uma das mulheres que “lhe prestavam assistência com os seus bens”(Lc 8.3; Mc 15.40). João tem sido frequentemente identificado como o discípulo (não identificado por nome).

Em três importantes ocasiões do ministério terreno de Jesus, João é mencionado em companhia do seu irmão Tiago e de Pedro com exclusão de todos os demais apóstolos_ na hora da ressurreição da filha da Jairo (Mc 5.37), na hora da transfiguração (Mc 9.2) e no Jardim do Getsêmani (Mc 14.33). João não é mencionado por nome no quarto evangelho (embora os filhos de Zebedeu sejam referidos em 21.2), mas João é provavelmente o discípulo chamado de “aquele a quem ele amava” (Jo 13.23).

Obras Literárias

Há constantes debates sobre quais livros do Novo Testamento foram escrito pelo apostolo João. Tradicionalmente, contudo, o evangelho e as epistolas joaninas são atribuídas a ele. O maior debate é quanto ao Apocalipse, pois alguns acham que foi escrito por outro João.

Existem três epístolas escritas por João. Embora ele nunca se identifique claramente, na segunda e na terceira ele se refere a si mesmo como o “presbítero”. Alguns, especialista, portanto, sugerem que este João não era o apostolo, mas outro, cognominado de “João, o presbítero” . Desde os tempos primitivos da igreja, entretanto, as pessoas concordam que o autor das epístolas é o apostolo João.

Etimologia

O termo no grego - epistole, no latim – epistula, representa uma carta de qualquer espécie: originalmente apenas uma comunicação escrita entre pessoas distantes entre si, quer pessoal e particular, quer oficial. Nesse sentido, as epístolas fazem parte da herança de todos os povos dotados de literaturas.

Epistolas joaninas

São chamados de cartas ou epístolas devido ao seu estilo de escrita. Este estilo o encontramos em Paulo. Em um nível mais estreito podemos diferenciar cartas de epístolas, assim definindo:

CARTAS - Escritos endereçados a uma ocasião determinada, a determinado grupo de pessoas com objetivo de dar uma informação precisa.

EPÍSTOLAS - Escritos formados por tratados em forma de carta. Destinados a um número amplo de pessoas, seu endereçamento é idealizado. Este estilo difere em essência do anterior por não se tratar de uma abordagem precisa a uma comunidade, antes se trata de um tema desenvolvimento a um público amplo.

Dentre os escritos joaninos, baseando-nos na distinção que fizemos entre carta e epístola, podemos perceber na I João um estilo mais epistolar, enquanto na II e na III um estilo mais de carta.
As epistolas foram escritas para pessoas crentes, com o objetivo de aprofundar a fé deles e dar-lhes a certeza da salvação. A razão central por que essas três epistolas foram escritas é essencialmente a mesma. Os falsos mestres gnósticos estavam conseguindo grandes conquistas na igreja e tinham que sofrer oposição.

Autoria

A primeira epístola de João e a epístola aos Hebreus são as únicas epístolas do Novo Testamento que não tem indicação de autoria no próprio texto, o que as torna bem particulares. Normalmente o local mais apropriado para se buscar informações sobre a autoria de uma epístola é na própria carta, pois se espera que o autor identifique-se a quem escreve. Essa é uma característica recorrente em Paulo (Rm.1.1; I Co.1.1; II Co.1.1 etc) e observada em Pedro (I Pe.1.1; II Pe.1.1; Tg1.1; Jd.1).

O autor da primeira epístola de João permanece estritamente anônimo e sua identificação com o apostolo João se originou devido às muitas similaridades com o evangelho de João. Na segunda e terceira epístolas o autor se identifica como “o ancião”. Perto do fim do séc.II d.C, todas essa três epístolas vieram a ser conhecida como de autoria de João o apostolo; mas Origenes informa-nos de que a questão da autoria continuava disputada em sua época. Em algumas igrejas, até mesmo no séc.IV d.C, essas epístolas continuavam não sendo aceitas como canônicas e nem como joaninas.

Entretanto, no caso de uma epístola sem identificação de autoria, temos que recorrer ao testemunho dos pais da igreja e da teologia cristã. Muito embora a epístola seja anônima, "há fortes evidências, contudo, de que João, o apóstolo, seja o autor“.

Evidências Externas

Em primeiro lugar, vamos observar aquilo que alguns comentaristas têm denominado como alusão aos escritos joaninos em escritos patrísticos.
As evidencias externas são consistentes. Possíveis alusões são encontradas muitos documentos provenientes do final do século I e do início do século II. As mais prováveis são as seguintes:

1. Clemente da Roma,: teria utilizado uma expressão tipicamente joanina ao afirma que os eleitos de Deus são "aperfeiçoados no amor". (1 Clem.49.5; 50.3, C.96 d.C.; cf. I Jo 2.5; 4.12, 17-18);

2. A Didaquê: (estima-se que a data desse documento esta entre 60 e 90 d. C.) apresenta algo semelhante (10.5) um paralelo ainda mais marcante devido à menção, no versículo seguinte, da referência de que o mundo passa 10.6; cf. I Jo 2.17);

3. A epístola de Barnabé: fala de Jesus como “O filho de Deus vindo em carne” (5.9-11; 12.10; cf. I Jo 4.2; II Jo 7);

4. Policarpo de Esmirna: adverte nos seguintes termos contra receber falsos irmãos: “Pois todo aquele que não confessa que Jesus Cristo veio em carne é anticristo” (certamente baseado em II Jo 7 e de I Jo 4.2-3; cf.I Jo 2.22. Inúmeras outras alusões são postadas a maioria delas menos plausível duque estas.

5. Sobre Papias, Irineu disse: "Essas coisas são atestadas por Papias, que foi ouvinte de João e companheiro de Policarpo, um escritor antigo que os menciona no quarto livro de suas obras". Eusébio diz o seguinte sobre ele: "O mesmo autor [Papias] fez uso de testemunhos da primeira epístola de João e igualmente da de Pedro".

6. Irineu: é a partir de Irineu é que encontramos claras declarações sobre a autoria joanina tanto do evangelho como da primeira epístola. Irineu mostra a confusão que existia entre os gnósticos, mediante sua declaração: “a doutrina deles é homicida,conjurando por assim dizer, certo numero de deuses e simulando muitos pais, ao mesmo tempo que rebaixa e divide o Filho de Deus de muitos modos” (Obra Adversus Heareses, III 16.5; comparar com III 16.8). Provavelmente ele se refere aos “profetas falsos” aludidos em I Jo 4.1-3 e II Jo 7.8. De acordo com Norman Champlin, não temos qualquer citações clara extraída da III epistola de João.

7. Nesta lista poderia ser lembrados, Clemente de Alexandria tem conhecimento de mais de uma epistola joanina, visto que se refere a “epistola maior” e a atribui ao apostolo João. Depois disso as evidencias externas tornaram-se abundantes.

Sobre essas citações históricas, Stott diz: "Não há nenhuma citação formal ou exata, nem qualquer menção nominal de João ou das epístolas" e por essa razão devemos considerar essas citações apenas como "ecos da linguagem joanina, derivada tanto da primeira epístola como do evangelho ou da teologia joanina corrente”.
É questão também debatida se o Fragmento Muratoriano confirma todas as três epistolas de autoria de João. Pelo menos são confirmadas as duas primeiras e identificadas com João, o apóstolo.
Norman Champlin diz: Orígenes informa-nos que a autoria das duas “epístolas menores” era questão disputada em seus dias, Tertuliano usou por muitas vezes a primeira epistola de João, mas não as outras, Logo a história da segunda e da terceira epistola de João é difícil de ser traçada; alusão especifica a terceira nem existem; e o uso que os pais da igreja fazem é bem escasso, enquanto que Eusébio informa-nos que Clemente de Alexandria comentou sobre todas as epistolas de João pelo meado do séc. III d. C, provavelmente já tinha recebido posição canônica e Atanásio (367 d.C.) em sua nona epistola festal, incluiu todas as três epistolas de João; e isso reflete uso oficial das mesmas no Egito, naquela ocasião. Essa é a primeira declaração que possuímos de que a igreja cristã aceitava todos os livros do Novo Testamento atualmente considerados canônicos.

Evidências Internas

Quanto às evidencias internas, nenhuma das epístolas indica claramente um autor especifico. Para demonstrar a autoria joanina da primeira carta de João, devemos observar a similaridade de vocabulário e conteúdo teológico entre a primeira epístola e o evangelho atribuído a João. Nessa pesquisa, não consideraremos a discussão sobre a autoria do quarto evangelho, pois a Ortodoxia tem-se mostrado suficiente clara na demonstração desse fato e tal discussão não se faz necessária aqui. Por ora, assume-se que João é o autor do quarto evangelho. Em última instancia todos os argumentos giram em torno do relacionamento dessas epístolas com o quarto evangelho. Metodologicamente é mais fácil tratar primeiramente do relacionamento de I João com o evangelho e depois considerar o relacionamento de II João com III João com I João.

Além das similaridades quanto ao conteúdo e as expressões há muitos paralelos referente ao estilo, idioma e aos modos de expressões. Em tempos recentes, entretanto, alguns eruditos pensam que essas similaridades se devem ao fato de que o autor da primeira epístola de João imitava propositadamente o autor do quarto evangelho.
Portanto a tradição da coletânea joanina se deriva genuinamente de João, e se um ou mais autores estivessem envolvidos na preservação dessa tradição, isto é questão de menos importância, logo a evidencia em favor da autoria comum do evangelho de João é irresistível.
Uma leitura do quarto evangelho e de I João revela muitas semelhanças marcantes de tema, vocabulário e sintaxe. Prevalecem as mesmas polaridades: luz e trevas, vida e morte, verdade e mentira, amor e ódio. Os dois documentos têm a mesma sintaxe com uma inclinação para o paralelismo. Stott demonstrou que o mesmo “esquema salvífico” permeia tanto em I João quanto o quarto evangelho.

Sobre o vislumbre da similaridade entre ambos escritos, Berkhof diz: "Os dois escritos são tão similares que evidentemente foram escritos pela mesma mão". Pouco a frente completa: "O veredicto quase geral é que quem quer que tenha escrito um escreveu o outro".

Considerado isto, podemos levantar algumas características presente no documento que nos permitem levantar o perfil do autor:

1. O autor declara-se como testemunha ocular: Nos primeiros versos da epístola, o autor apresenta-se como alguém que fora testemunha ocular da pessoa de Cristo, que esteve presente pessoalmente diante dele e que por isso teria recebido em primeira mão os ensinamentos de Cristo (I Jo.1-3; Jo.1.14; 19.35)

2. O autor era judeu: O fato de que o autor escreveu em grego, não compromete sua identificação como judeu, pois suas construções literárias usam muitos paralelismos que denotam influência hebraica.

3. O autor é conhecido dos seus leitores: Em suas exortações, percebe-se um tom muito próximo e pessoal do autor em relação aos seus leitores imediatos. O fato de conhecer os problemas teológicos enfrentados pelo grupo a que escreve e nas exortações baseada em conhecimento do público reforçam essa idéia (I Jo 2.20). Uma possibilidade é que o autor fosse uma figura reconhecida por sua posição, ou familiaridade escriturística (I Jo 2.18-19).

4. O autor apresenta-se como alguém que tem autoridade: O modo como contesta o ensino dos falsos mestre/profetas, sugere que se trata de alguém que exerce alguma autoridade. Carlos Osvaldo chega a sugerir que o modo como trata seus leitores (teknia - filhinhos) é uma evidência de que o autor era idoso e respeitado.

5. O autor tem familiaridade com a teologia do quarto Evangelho: A cristologia de I João é fortemente marcada pela compreensão joanina de Cristo evidenciada no evangelho. A similaridade de funções atribuídas a Cristo em ambos os documentos é evidencia muito forte a favor da autoria joanina. O mesmo pode ser dito sobre a compreensão de Deus, Pai. Dada similaridade complementar encontrada na primeira epístola, há quem sugira que tal documento era um acréscimo pessoal com explicações específicas dirigiras a pessoas específicas anexada ao evangelho.

Fomentadas essas similaridades e perfil, pode-se afirmar, com uma grande porcentagem de certeza, que o autor desse documento é o autor do Evangelho atribuído a João, o discípulo amando.

Data

A data das epístolas de João esta totalmente ligada à data do quarto evangelho e ao relacionamento delas com esse evangelho. Alguns atribuem ao evangelho de João uma data antes de 70 d. C. É cautelosamente proposto 80-85 d. C. A pergunta a ser feita, portanto, é se as epístolas foram escritas antes ou depois do evangelho.
É impossível ter certeza a respeito; a decisão depende, em última instancia, do entendimento que se tem do propósito respectivo do quarto evangelho e das epístolas joaninas. As epístolas foram escritas em parte para firmar e estimulas a fé de cristãos em meio à crescente controvérsia sobre o protognosticismo. Esse movimento estava em ascendência no final do século I, parece melhor atribuir a essa epístola uma data posterior à do quarto evangelho. Essa conclusão se confirma pelas evidencias que indicam que pelo menos alguns dos hereges gnósticos estavam utilizando o quarto evangelho para seus próprios propósitos: com certeza o evangelho de João foi um favorito de gnóstico no século II (embora Jo 1.14, “o verbo se fez carne”, fosse em última instância destrutivo para as crença que defendiam). É provável, portanto, que algum tempo tenha passado entre a publicação do quarto evangelho e das epístolas, pelo menos tempo suficiente para permitir que aquilo que João entende como uso indevido de sua obra anterior adquira força suficiente para causar divisão na igreja (veja I Jo 1.19). Limitados no outro extremo por claras alusões a I João em alguns dos pais que viveram logo após os apóstolos, parece melhor atribuir às epístolas de João uma data no inicio dos anos 90 d.C.

Procedência

Tradicionalmente as três epístolas joaninas, têm estado associadas à Ásia Menos, particularmente a cidade de Eféso. O apostolo João aparentemente labotou ali e ali se desenvolveu sua tradição evangélica. O fato que se opõem a certa forma de gnosticismo que se sabe ter havido naquela área (contra a qual Colossences, II Pedro e Judas também foram escritos) também favorece essa teoria. Além disso, é dito que João, “o ancião”, referido por Papias, morreu em Efêso. E que nos dias de Papias, seu sepulcro era conhecido. Portanto, ainda que o apóstolo João tenha escrito pessoalmente os livros em questão, a tradição os vincula a Efêso.

Destinatário

Todas as epístolas de João parecem ter sido endereçadas às comunidades cristãs da Ásia Menor, vários membros das quais eram conhecidos pelo autor sagrado. A tradição universal é que foram enviados a províncias romana da Ásia, território moderadamente conhecido por Turquia. As principais cidades dessa área eram aquelas sete que figuram no livro de apocalipse: Eféso, Esmirna, Pergamo, Tiatira, Sardes, Filadelfia, e Leodiceia, alem de Colossos e Hierapolis. Para essa área em geral também foram enviadas a primeira e segunda epistola de Pedro e a epístola de Judas. Portanto, a “literatura de heresia” surgiu a fim de combater os assédios dos gnósticos naquela região, além de dar instruções éticas necessárias aos crente da localidade.

Primeira Epístola de João

Entende-se, que a carta fora destinado a um grupo de pessoas muito querida pelo autor devido a sua forma de tratamento. O modo como esse grupo de pessoas é tratado deduz-se que havia um grande sentimento em relação a eles. Ainda, pode-se dizer que é uma carta de mensagem genuinamente pessoal, dirigida a um grupo de pessoas a quem João amava muito, e no momento ele precisava resolver uma situação particular dos irmãos.

A finalidade desta epístola é expressamente declarada; expõe e refuta as idéias gnósticas. João apresenta nesta epístola três sinais de um verdadeiro conhecimento a respeito de Deus e de comunhão com Ele. Os três sinais são: Justiça de vida, amor fraternal, fé em Jesus como Deus encarnado.

Esta epístola é orientada por dois grandes pensamentos acerca de Deus _Deus é luz (1.5) e Deus é amor (4.8,16). Deus é o sol do firmamento espiritual , a fonte da luz para o espírito, e de calor para o coração dos seus filhos. Logo, procede a responsabilidade que os filhos têm de viver de acordo com os padrões morais, isso é repetido por João (ver 2.1-6; 3.3; 6.9; 5.1-3). O escritor dirigiu-se aos leitores com conhecimento intimo deles com solicitude paternal e interesse afetuoso _ “filhinhos”, “amados”, “filhinhos ninguém vos engane”, “filhinhos guardai-vos dos ídolos”.

Data

I João é um dos livros de mais difícil datação no Novo Testamento. A maioria dos comentaristas sugere uma data posterior à destruição de Jerusalém, aí por volta de 85 d. C., algum tempo depois do quarto evangelho, cuja linguagem e temas a epístola parece presumir. A evidência interna sugere, mais provavelmente, que a frase "saíram de nosso meio" em 2.19, se refere não a deixar o círculo apostólico de influência em Jerusalém, mas a igreja cristã estabelecida em Éfeso.

A ligação estreita com o quarto evangelho exige uma data no mesmo período que foi escrito o quarto evangelho, provavelmente em meados do ano 90 d. C.

Destinatários

A epístola não menciona seus destinatários especificamente. Provavelmente foi escrita aos cristãos de várias localidades, na província da Ásia ou a uma igreja (ou a igrejas) em que falsos profetas e falsos ensinos haviam aparecido e feito progresso (4.1; 2.19). Esses indivíduos se inclinavam a uma forma antinomiana de docetismo incipiente, negando a encarnação de Cristo (2.22; 4.1), ao passo que reivindicavam íntima comunhão com o Pai (2.23). Tais heréticos também advogavam um estilo de vida moralmente frouxa (2.15-17), aparentemente alegando que seus atos não afetavam sua relação com Deus (1.5-10). A característica final de sua heresia era uma atitude de superioridade com base num conhecimento mais elevado (ou profundo), que os levava a uma atitude de desprezo para com os não-iniciados na confraria esotérica (4.7-21).

Temas principais

A primeira epistola de João representa a fá comum da era apostólica, mas com adaptação as circunstâncias do século I e do começo do século II, na Ásia Menor. Os temas principais são ditos de tal modo que fazem combater a heresia gnóstica daquela região. Em forma de esboço Norman Chaplin, apresenta uma relação dos principais temas.

1. A doutrina do Verbo forma o prólogo. Esse prólogo afirma ser obra de uma “testemunha ocular”, pois a tradição do apostolo João com firma a verdade que estava preste a ser apresentada (1.1,2).

2. O verbo é, especificamente , o despenseiro da vida; e essa vida eterna vem da parte de Deus (1.2; 5.13).

3. A doutrina do verbo é polemica. Exalta Cristo a sua posição impar, em contraste com os gnósticos, que pretendiam fazer dela apenas um dentre muitos “emanações angelicais”.

4. No verbo temos a comunhão com a família divina, com o Pai e com o Filho. E nisso reside nossa alegria (1.3,4). Isso também é polemico. Os gnósticos consideravam a maioria dos homens como incapazes de serem remidos. Mas a oferta do evangelho, para haver comunhão com o Pai e com o Filho, visa a todos os homens (2.2, onde se aprende que a propiciação foi efetuada em favor de todos os homens, e não em favor somente de algum grupo seleto).

5. A comunhão, embora possível para todos, é condicionada a “conduta moral”, vinculada ao perdão dos pecados mediante a expiação do sangue de Cristo (1.5-10). Os gnósticos negavam ambas as coisas.

6. A vida e a comunhão nos vêm pela expiação de Cristo (2.1,2) e de sua atuação como nosso advogado. Os gnósticos negavam a validade da expiação de Cristo.

7. Às provas de comunhão e do conhecimento de Deus são a obediência aos seus preceitos e o amor ao próximo (2.3-17). Os gnósticos em sua licenciosidade desobedeciam às leis de Deus.

8. O evangelho de Cristo impõe certa exigência moral, deve ser acompanhada pela rejeição do mal que há no mundo, nas concupiscências da carne (2.15,16). Os gnósticos ignoravam a necessidade dos crentes separar-se do mundo.

9. Os apostatas negavam o verdadeiro Cristo, fazendo de seu corpo um mero fantasma, e de sua pessoa real um angelical. Tinham ele uma atitude “docetista” (2.18-29; 4.2-4).

10. As apostatas negavam a realidade da “parousia”. Mas a doutrina cristã apresenta claramente, pois assinalará “notável salto a frente” quando os remidos haverão de participar da própria natureza de Cristo (3.1.2).

11. A “parousia” impõem uma exigência moral, a saber a nossa pureza pessoal. Mas, isso era ignorado pelos gnósticos (3.3-10). Um homem não pode ser “praticante” do pecado; de outro modo, nem mesmo conhecerá a Deus.

12. O amor é a virtude suprema exigida da parte dos irmãos. Um homem ama a Deus, somente quando ama a seus semelhantes (3.11 e ss).

13. Os falsos mestres mostravam-se corruptos em suas doutrinas e prática e eram amigos do mundo. Por isso desprezavam os crentes, que não pertenciam ao mundo. (4.1-6).

14. Deus é amor, e todos quantos são seus filhos devem amar. A prova desse amor é a expiação feita por seu filho (4.11-21).

15. O amor coopera com a fé. Nessa virtude e que obtemos vitoria sobre o mundo

16. O Filho de Deus veio para dar-nos a vida eterna; e a vida esta nele. O principal propósito do autor sagrado era demonstrar isso, em oposição aquilo que Cristo fora reduzido pelos gnósticos, fazendo dele apenas um dentre muitos senhores e mediadores. Nosso conhecimento consistia em conhecer a Cristo; e a nossa vida esta em Cristo, presentemente mediada pela moralidade cristã. Em contraste com isto os gnósticos buscavam a vida eterna independentemente do verdadeiro Cristo e da santidade (5.13-21)

Gênero literário

Faltam à epístola a introdução e a saudação do autor. A epístola parece um sermão, mas há trechos com indicações claras especificamente de que João escreveu para pessoas com problemas bem visíveis (2.1,26) O estilo de redação recorre muito a repetições, colocando freqüentemente as palavras em expressões aparentemente simples. João alternou ênfase na necessidade das atitudes e ações corretas, e da crença correta, e a prática desses ensinamentos demonstrava a posse da vida eterna e distinguia os crentes dos descrentes.

Propósito e teologia

João escreveu para reforçar a alegria (1.4) dos seus leitores e para dar-lhes segurança em seu relacionamento com Jesus Cristo (5.13). Ele também queria prepará-los para enfrentarem os falsos mestres (4.1-3). Apresentou a morte de Cristo como sacrifício expiatório pelos pecados (2.2), ensinou sobre a volta de Cristo (2.28). Negou a idéias de que o cristão pode viver praticando o pecado (3.8-9) e recomendou a demonstração da realidade da fé pelo ministério (3.16-18). João defendeu a autenticidade da humanidade de Cristo e chamou de “anticristos” aqueles que duvidavam da realidade da encarnação de Jesus.

O valor teológico

Esta epístola fala ao cristão de hoje de modo especial. Atualmente há muitos que afirmam conhecer a Deus e ter comunhão com Ele, mas de modo algum demonstram essa fé. Para ter certeza de que conhecemos a Deus, precisamos obedecer aos seus mandamentos. Se não temos amor pelos outros, isso é sinal de que não temos o amor de deus em nosso coração.

Os testes de João sobre obediência, amor e doutrina servem de advertência aos infiéis assim como de segurança para os verdadeiros crentes. Temos de nos fortalecer cada vez mais em todas as áreas da vida cristã.

Segunda Epístola de João

Quanto à segunda epístola, usa-se, da mesma evidência externa para poder mostrar que é de autoria Joanina, apesar de não serem tão fortes as evidências como da primeira carta. O autor intitula-se “o presbítero”, e muitos viram nisso um título carinhoso do apóstolo João já idoso.

Stott observa que era costume dos gregos iniciarem uma carta com saudações e apresentações, e o autor faz a apresentação, porém não com o nome pessoal, mas com o seu título de presbítero, visto que seus leitores o reconheciam e saberiam sem nenhuma dúvida de quem se tratava.

Data

O intervalo entre I João e II João não foi grande. O falso ensino que João mencionou em I Jo 4.1-3 continuava sendo um problema para os leitores de II João. Provavelmente no ano 90 d. C.

Destinatários

A carta é endereçada a “senhora eleita”. Há duas linhas de pensamento, visto que alguns pensam ser uma pessoa e outros pensam ser a uma igreja. Portanto a mais provável seja a igreja, visto que a linguagem de João não é apropriada para uma pessoa real. A personificação feminina para se referir à igreja é muito normal em toda a escritura, e assim. Stott afirma que essa personificação refere-se a uma comunidade cristã. A mensagem de João focaliza o ensino do relacionamento da igreja com os irmãos e também com os que não pertenciam à igreja, e alertando a igreja a respeito do perigo doutrinário daqueles que não faziam parte daquele grupo específico.

Muitos heréticos estavam espalhando seus ensinos errados e João preocupa-se em mostrar novamente àquela igreja a prática do amor e da verdade.

Tema

O autor mencionou dois temas:

1. incentivou seus leitores a praticar o amor fraternal (II Jo 5)
2. ele os conclamou a praticar a verdade afirmando a doutrina correta sobre Jesus (II Jo 7.11).

Gênero literário

Gênero epistolar mais evidente que IJoão. O apóstolo mencionou destinatários específicos e também incluiu uma saudação final. Ele escreveu a uma comunidade especifica com um problema doutrinário. A epístola não contem referencias ou alusão ao A. T.

Propósito e teologia

Os falsos mestres que João denunciou negavam a humanidade autêntica de Jesus Cristo. O erro específico deles era provavelmente o docetismo, ou seja, a negação da realidade do corpo humano de Jesus. Os falsos mestres passavam pelas igrejas e se aproveitavam da hospitalidade cristã. João queria que seus leitores oferecessem hospitalidade aos cristãos em viagem, mas exortou-os a negá-la a hereges itinerantes (v.10-11). João também incentivou os seus leitores a demonstrar amor fraternal. Esse amor os faria andar em obediência aos mandamentos de Deus (v 5-6).

Terceira Epistola de João

O uso do termo “presbítero”, como em II João, torna provável que os dois textos sejam do mesmo autor.
Essa epístola é mais pessoal, pois o seu destinatário é Gaio o qual o evangelista por várias vezes expressa o seu amor pelo o qual ele o chama também de amado. Este nome era bastante comum naquela época. Temos sua ocorrência em At.19.29, At.20.4, Rm.16.23, I Co.1.14, além de III João. Contudo, tais passagens não se referem sempre à mesma pessoa. Gaio e Demétrio são apresentados como cristãos fiéis (vs.3-6,12).

Diótrefes é visto como ambicioso, estava na liderança, contudo João não o reconhece como tal. O apóstolo diz que Diótrefes “gosta de ter entre eles a primazia.” (v.10). Ele gostava de ser líder, contudo não era vocacionados para aquele trabalho. Visto que recusava dar acolhida aos irmãos ministros itinerante.

A preocupação de João era que Gaio não seguisse o exemplo de Demétrio. João alerta para que ele não imitasse o que era mau, senão o que era bom. O autor em sua obra consegue alcançar todos os seus objetivos, mostrando que as epístolas Joaninas como todo, tem o propósito de ensinar sobre os falsos ensinos que surgiam diariamente no meio dos cristãos, levando os amados irmãos a terem uma verdadeira conduta. Tendo como princípio a prática do amor, que João diz que é mandamento de Deus para a igreja. Alertando os leitores sobre os falsos mestres e enganadores que surgiriam no meio da igreja, ensinando a humildade e reprovando o orgulho como exemplo de Demétrio que queria exercer a primazia na igreja, o qual João afirma que tal prática não condiz com atitudes de um verdadeiro cristão.

Data

Provavelmente em meados da década de 90 d. C.

Destinatários

É uma carta pessoal do Presbítero para seu amigo Gaio, a quem saúda calorosamente (1.2) e com quem se alegra por sua bem conhecida hospitalidade (5,6), depois de lhe mencionar o progresso espiritual (3,4).

Tema

A carta revela um contraste entre a verdade eo serviço de Gaio e a arrogância comprovada de Diótrefes. João enfatizou que a “verdade” era um tipo de conduta que combinava com a doutrina que os cristãos professavam (v 8). O comportamento autocrático de Diótrefes transgredia esse parâmetro. João queria por fim a sua atitude dominadora.

Gênero literário

O livro tem as características de uma epístola. Tanto o autor como o destinatário são identificados. No final há uma conclusão com uma listra de saudações cristãs. A má conduta de Diótrefes serviu de motivo para a carta.

Propósito e teologia

João escreveu para elogiar e repreender. Elogiou Gaio por sua atitude altruísta e por sua hospitalidade cristã. Repreendeu a Diotrefes por suas atitudes ditatoriais. Também elogiou Demetrio (12), provável portador da carta.

Considerações finais

Vistas em conjunto, as epístolas de João se apresentam como uma clara demonstração da importância crucial de, tomando por base os elementos imutáveis da revelação evangélica, pôr à prova todas as tentativas de reformular o evangelho. Sem dúvida os adversários de João consideravam-se na vanguarda da reflexão cristã (II Jo 9); em contraste com isso, João volta para aquilo que era “desde o principio”, para o testemunho das primeiras testemunhas oculares, para dados cristológicos inquestionáveis, para a novidade perene do “velho” mandamento de amar uns aos outros, para o elo inquebrável entre a fé e a obediência.Essa tomada de posição influencia o ensino que uma igreja ouvirá (II Jo). A nível prático quer haja ou não heresia por trás de III João, esse enfoque holístico insiste em que na igreja não há nenhum lugar para líderes subalternos que não se curvem diante da admoestação e autoridade apostólicas.

As epístolas joaninas dão uma importante contribuição para a doutrina da segurança (I Jo 5.13). Já que, de um lado, outros escritos neotestamentários deixam claro que o fundamento objetivo para nossa confiança perante Deus está em Cristo e em sua morte e ressurreição ocorridas em nosso favor, de modo que a certeza cristã da salvação não é muito mais do que algo concomitante com a fé genuína, por outro lado essas epístolas insistem em que se devem faze distinção entre a fé genuína e a fé espúria. A fé espúria não tem direito à segurança perante Deus; a fé genuína pode ser confirmada não apenas pela exatidão de seu objeto (neste caso a convicção que Jesus é o Cristo vindo em carne), mas também pela transformação que opera no indivíduo: cristãos genuínos aprendem a amar uns aos outros e a obedecer à verdade.

As epístolas joaninas oferecem uma vista sem igual de pelo menos uma parte da igreja neotestamentária perto do final da era apostólica. Elas nos permitem esboçar, mesmo de modo não definitivo, as diferenças entre a igreja refletida nos documentos neotestamentários mais antigos e a igreja no final do século I.

O autor em sua obra consegue alcançar todos os seus objetivos, mostrando que as epístolas Joaninas como todo, têm o propósito de ensinar sobre os falsos ensinos que surgiam diariamente no meio dos cristãos, levando os irmãos a terem uma verdadeira conduta. Tendo como princípio a prática do amor, que João diz que mandamento de Deus para a igreja. Alertando os leitores sobre os falsos mestres e enganadores que surgiriam no meio da igreja, ensinando a humildade e reprovando o orgulho como exemplo de Demétrio que queria exercer a primazia na igreja, o qual João afirma que tal prática não condiz com atitudes de um verdadeiro cristão.

João escreve aos seus contemporâneos que também é valida e aplicável para os dias de hoje, afirmando que Cristo não mudou sua mensagem, também não mudou a alerta contra o gnosticismo que era ferrenho no primeiro século, e que perpassa para os dias atuais.

Autor: Claudia Oliveira

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